Delicadeza e competência nas estradas para o litoral

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Ronise Pazinato é a única mulher motorista de ônibus a ter a Rodoviária de Novo Hamburgo em sua rota de trabalho



“Quando eu crescer quero ser motorista de ônibus.” Não! Essa frase definitivamente nunca foi dita e a ideia sequer um dia passou pela cabeça de Ronise Pazinato quando criança. No entanto, hoje, aos 45 anos, ela é uma das três mulheres motoristas da empresa Unesul Transportes e nos conta como chegou a ocupar um espaço destinado quase que exclusivamente por homens. Natural de Caçapava do Sul, Ronise é a única mulher que tem a Rodoviária Normélio Stabel, de Novo Hamburgo, em sua rota de trabalho. Responsável por linhas que ligam Novo Hamburgo ao litoral gaúcho, ela não apenas conduz seus passageiros, mas também tem conhecimento de mecânica, primeiros-socorros e serve até de psicóloga em determinadas situações.


A ideia de se candidatar a uma vaga de motorista de ônibus surgiu após os 40 anos, depois de ter dado aulas em um micro-ônibus de uma autoescola. “Gosto de desafios e como já tinha a carteira necessária, decidi enviar um currículo para a empresa. Fui chamada e passei por uma seleção muito rigorosa. Fui a única mulher das três que disputaram uma vaga entre dezenas de homens. Hoje estou há dois anos na Unesul e muito satisfeita com o respeito da empresa, com os colegas de profissão e com a forma como sou tratada pela grande maioria dos passageiros”, conta ela, que também já precisou enfrentar episódios de preconceito. “Tive um passageiro que se negou a viajar quando viu que uma mulher conduziria o ônibus. Mas isso é exceção.”


Quando questionada sobre a sua motivação para estar na estrada com tamanha responsabilidade, a motorista cita o exemplo que quis dar a seus três filhos e três netos. “Sempre fui corajosa e quis mostrar que nós, mulheres, podemos ocupar qualquer posição. Depois de transportar meus passageiros, vou pra casa cheia de orgulho abraçar meus netinhos Francisco, Teodora e Clara”, conta ela, enquanto guarda as malas, confere os bilhetes de passagens e deseja uma boa viagem à aposentada Elisabeth dos Santos, 75. “Me sinto segura ao ver que a motorista é uma mulher. Somos cuidadosas, atenciosas e acredito que será uma viagem muito tranquila”, comenta a idosa.


E ainda que nunca havia passado pela sua cabeça ser motorista de ônibus até os 40 anos de idade, Ronise acha que hoje serve de exemplo e inspiração para a futura geração que vem vindo. “Ainda existe preconceito, mas as pessoas estão com a cabeça bem mais aberta. As mulheres estão ocupando cada vez mais lugares, mostrando que a gente tem capacidade, sim. Quando a gente faz o que ama, consegue ter jogo de cintura e se sair bem.” A ela e a todas as outras mulheres todo o reconhecimento por fazerem de suas vidas uma luta constante pela maior representatividade feminina. Parabéns pelo Dia da Mulher.



Fotos Tatiane Brandão

08 de Março de 2022